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Dores de um segmento produtivo

por Cícero Bley Jr.

Em 9 meses o Programa Renova PR/IDR acumula índices impressionantes. Já aplicados R$300 milhões em energias renováveis. Em 1800 projetos liberados pelos bancos Um dos índices, porém, é que: “menos de 10 unidades desses projetos, foram aplicados para biogas”, revela Herlon Almeida, idealizador e competente gestor do Programa. Alem de financiar as fontes Renováveis, o Programa se tornou um radar a identificar informações sobre as renováveis no Paraná. O que revelaria este tão baixo índice de aceitação da oferta de financiamento para implantar projetos de biogás? Já que a Solar PV vai disparando na matriz? Para chegar a respostas temos de cara, que aceitar que um metadado como este não é opinião. Mas sim uma incontestável informação. E portanto deve ser considerado e respeitado. Sua função é provocar reflexões e reações.

Não é demais assumir, que o biogas está travado, tem dores. E é preciso recupera-las para que não seja excluído da matriz energética do Brasil. Reconhecendo que o segmento da suinocultura, o principal alvo do Renova Pr, sofre com dores próprias, como o congelamento da escala de produção, a produzir pressão de custos, pelos aumentos sucessivos dos suprimentos, como ração, medicamentos, combustíveis e outros. Principalmente a suinocultura de médio e pequeno portes estão em situação crítica. E isso só pode ser resolvido com adição de sistemas seguros de destinação final de dejetos, base da sustentabilidade da produção, a serem negociados com os órgãos de controle ambiental.

Em escassez, a situação se agrava ainda, com o insucesso dos projetos de biogas já implantados. Por absoluta falta de assistência técnica pós-vendas e ainda o processo de compra compulsória de energia pelo mecanismo de compensação da Geração Distribuída, imposto pela Aneel. A compensação é um impedimento para a venda da energia e está sendo passivamente aceita pelos próprios produtores e autoridades em geral. Isto vem desestimulando as iniciativas de geração com biogas, muito mais complexas do que a geração solar. Sem ter para quem vender o excedente produzido, o produtor vê a energia que gerou se perdendo pelas entranhas das redes das concessionárias. Urge a liberação do mercado livre de energia elétrica para geração de pequeno porte e também para a energia combustível do biometano. Também não há infraestrutura local de apoio aos projetos implantados. Os problemas sobram para os produtores, já sobrecarregados pelos problemas da produção de animais. Também não há capacitação de operadores e é fraco o empreendedorismo local com assistência e peças de reposição.

Ouvindo o “grito” dado pelo biogas no Renova PR, que pudessem as políticas públicas nacionais, estatuais e municipais, incentivar a produção do biogas para “dentro da porteira”, para médios e pequenos produtores. São os que precisam viabilizar suas produções e tem na produção do biogas uma rota poderosa de viabilidade econômica e ambiental sustentável.

Cícero Bley Jr. é CEO da Bley Energias Estratégias e Soluções
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